Manaus (AM) – O Boletim Epidemiológico de Arboviroses, com números de casos de dengue, chikungunya, zika, oropouche e mayaro registrados em Manaus, apontou que os casos de dengue aumentaram 1.072% entre novembro e dezembro do ano passado. O município teve 14 e 150 casos nos meses citados, respectivamente. O total de casos notificados no ano teve elevação de 387%, passando de 54, em novembro, para 263, em dezembro.
A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), começou a divulgar o Boleitm nesta quarta-feira (10). A edição de nº 1 da publicação, com periodicidade semanal, traz dados da Semana Epidemiológica de 31 de dezembro do ano passado a 6 de janeiro deste ano e já está disponível no site da Semsa ( O link para acesso direto é o
O subsecretário de Gestão da Saúde da Semsa, Djalma Coelho, aponta que o boletim epidemiológico é importante não só para o monitoramento das arboviroses na capital, como para dar visibilidade e chamar a atenção da população para as medidas de enfrentamento e o cuidado com as doenças.
“A população tem papel fundamental e é o principal parceiro do poder público no combate às arboviroses. O poder público atua também para reforçar a importância do público se prevenir, buscar a unidade de saúde e atender às recomendações de repousar e manter uma boa hidratação”,
afirma Djalma Coelho.
O subsecretário ressalta que as equipes da Semsa estão reforçando as ações de saúde e vigilância para prevenção da dengue e outras doenças causadas por arbovírus. “A partir do alerta do aumento de casos, nossos agentes de endemias e os distritos de saúde estão intensificando os trabalhos de prevenção e controle”, aponta.
Números e cenário
Conforme o Boletim Epidemiológico de Arboviroses de nº 1, da Semsa Manaus, na semana de 31 de dezembro a 6 de janeiro, o município registrou 429 casos notificados e 32 confirmados de dengue. De chikungunya, foram três casos notificados e nenhum confirmado. Não houve casos notificados ou confirmados de zika no período.
A gerente de Vigilância Epidemiológica da Semsa, Viviana Almeida, pontua que as febres oropouche e mayaro, mesmo pouco conhecidas, já ocorrem na região amazônica e reemergem de tempos em tempos. Da febre oropouche, 129 casos foram confirmados na capital. Da mayaro, não houve registro no período.
“A diferença é que hoje temos exames para detectar a oropouche e a mayaro, por isso incluímos os dados no boletim ao lado da dengue, chikungunya e zika”, relata a epidemiologista, pontuando que as duas doenças não são de notificação obrigatória, razão pela qual o informe não traz dados de casos notificados.
Viviana esclarece às pessoas que o tratamento das arboviroses não depende do exame, pois é indicado de acordo com os sintomas. Por outro lado, ela reitera a importância da atenção às recomendações de cuidado nos casos de doenças com esses sintomas.
“Até a oropouche, que não é considerada grave e não tem registro de óbito, pode deixar a pessoa prostrada. Em todo caso suspeito de arbovirose deve-se repousar e ingerir muito líquido, principalmente porque pode se tratar de dengue, que pode agravar e levar a óbito”, diz.
No ano de 2023, segundo consta também no boletim, Manaus teve 722 casos confirmados de dengue; 31 de zika; 37 de chikungunya; 217 de oropouche; e 6 de mayaro.
O boletim traz ainda totais de óbitos em investigação e confirmados em decorrência de arbovirose, dos quais não houve registro. Os dados são oriundos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), via Sinan-Online, para casos de dengue e chikungunya, e Sinan Net, para zika; e do Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), para oropouche e mayaro.
Em um diagnóstico de vulnerabilidade elaborado a partir de dados do Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), realizado em Manaus no período de 6 a 22 de novembro, e de casos notificados de dengue, chikungunya e zika, a Semsa Manaus identificou nove bairros em alta vulnerabilidade para as doenças. Outros 35 bairros apresentam média vulnerabilidade, e 19 baixa vulnerabilidade.
Os nove bairros com alto índice de vulnerabilidade são: Redenção, Alvorada, Lírio do Vale e Compensa, situados na área de abrangência do Distrito de Saúde (Disa) Oeste; Cidade Nova e Novo Israel (Disa Norte); Jorge Teixeira (Disa Leste); e Morro da Liberdade e Aleixo (Disa Sul).
Enfrentamento
Ao lado da publicação do Boletim Epidemiológico de Arboviroses, a Semsa dá continuidade às ações de prevenção e controle, que são intensificadas durante o período de chuvas, mais propício à infestação de mosquitos vetores das doenças. Aí se incluem as visitas de casa em casa pelos agentes de endemias da pasta, para monitoramento de áreas de vulnerabilidade e orientação a moradores.
Outras medidas para o enfrentamento da dengue e outras doenças em Manaus estão sendo desenvolvidas pela prefeitura no Plano de Contingência das Arboviroses, que prevê ações integradas de pastas municipais, em alinhamento com instituições federais e estaduais e com a participação da sociedade civil. Na terça-feira (9), gestores das áreas técnicas da saúde e de setores parceiros se reuniram no Centro de Cooperação da Cidade (CCC) para planejar atividades a serem conduzidas no plano, hoje em fase de consolidação.
Além da Semsa, a ação inclui as pastas municipais de Limpeza Pública (Semulsp), Obras (Seminf), Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), Educação (Semed) e Comunicação (Semcom), e o Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), além da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc).
*Com informações da assessoria
OMS aponta que Brasil é o país com mais casos de dengue do mundo
SUS incorpora vacina contra dengue e Brasil é primeiro país a ter imunizante no sistema público
Mudanças climáticas podem agravar quadro de doenças como dengue e zika