O deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) veio a público esclarecer que há divergência no que foi divulgado sobre a abordagem policial feita pela Rocam contra seu veículo na Zona Leste de Manaus. O parlamentar atribuiu as primeiras informações divulgadas como uma campanha de desinformação, caluniosa e de difamação e os fatos que se sucederam. Da mesma forma, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) se posicionou sobre o caso neste sábado (6). Veja as versões abaixo.
O que diz Amom
Amom declarou que após denunciar à Polícia Federal, no dia 13 de dezembro de 2023, o envolvimento de membros da cúpula da SSP-AM, da Secretaria de Administração Penitenciária e do Comando-Geral da Polícia Militar com organizações criminosas e o tráfico de drogas, passou a receber ameaças, insinuações e intimidações de diversas vertentes.
Pouco tempo após a denúncia, após uma série de tentativas de coação que aconteceram nos dias anteriores, já no último dia 4 de janeiro, houve uma abordagem truculenta dos agentes policiais da Rocam.
O fato aconteceu nas proximidades da Bola do Produtor, Zona Leste de Manaus, com armas de fogo apontadas em sua direção, na de sua companheira e outra amiga que estavam no veículo, mesmo após obedecerem às instruções e inspeção visual dos ocupantes do veículo, levantando suspeição por parte do deputado quanto à conduta.
Após questionar a motivação de tal abordagem, o agente policial alegou que a lanterna traseira do veículo estava queimada, de forma a justificar a atitude tomada pelos policiais, e reagiu com ironia aos questionamentos do parlamentar, se oferecendo para ligar para o Comandante-Geral da Polícia Militar.
O deputado federal esclarece que a atitude foi inusitada, por ser incomum tamanha facilidade de contato entre oficiais da Polícia Militar e membros da alta cúpula da segurança pública do Estado.
Pela ação policial compreendida como abuso de autoridade, o parlamentar deu voz de prisão ao oficial, tendo sido ignorada pelo subcomandante do Comando de Policiamento Especializado, que também recebeu voz de prisão por não cumprir seu dever legal de conduzir todos à delegacia para apuração dos fatos e eventual confirmação ou rejeição da continuidade da prisão decretada, conforme expresso em Lei.
Todos os envolvidos foram encaminhados pelo Secretário de Segurança Pública do Amazonas, Coronel Marcos Vinicius de Almeida, acionado pelo parlamentar, ao 14º Distrito Integrado de Polícia, para as diligências cabíveis. Porém, o deputado declara que houve uma demora na chegada do comboio policial ao DIP, reforçando os questionamentos sobre a motivação de toda a ação.
O fato foi relatado à Polícia Federal e passou a fazer parte da investigação anterior, que apura tanto o envolvimento da alta cúpula da segurança pública com facções criminosas, quanto as intimidações contra o parlamentar.
Por fim, salienta-se a necessidade de refutar algumas informações falsas propagadas nos últimos dias. A alegação de que o veículo do deputado teria furado uma barreira policial é completamente falsa, uma vez que não havia nenhuma blitz no momento em que o carro foi abordado.
Da mesma forma, a informação de que o veículo transitava pela madrugada, em zigue-zague ou em alta velocidade também é completamente falsa. Todas as investidas contra a honra e integridade do parlamentar e sua família estão sendo tratadas judicialmente e investigadas pela Polícia Federal.
O que diz a SSP
Em entrevista coletiva realizada na tarde deste sábado (6), o secretário de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), Vinicius Almeida, esclareceu a abordagem realizada por uma equipe da Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), durante o lançamento da Operação Impacto, na quinta-feira (4). Ele ressaltou que o deputado federal Amom Mandel cometeu abuso de autoridade e humilhou os policiais que estavam realizando o trabalho naquela noite, se valendo do cargo parlamentar que ocupa.
”O que aconteceu foi uma abordagem padrão da Polícia Militar e que ao final os policiais foram desrespeitados, humilhados e esses são os fatos. ”, disse o titular da SSP.
Na oportunidade, Peter Santoso titular da SSP explicou que a abordagem realizada não apresentou anormalidade e seguiu o padrão adotado pela Polícia Militar para qualquer atitude suspeita.
“Temos que compreender que do outro lado tem um pai de família. Quantos policiais nós já perdemos e não foram poucos, porque negligenciaram sua segurança na hora da abordagem. Não peçam para o nosso policial morrer. Nossos policiais foram desrespeitados”.
De acordo com o subcomandante CPE, ao chegar na ocorrência cumprimentou o deputado e questionou os policiais sobre a abordagem que havia acabado de acontecer.
“Segundo o relato da equipe, eles verificaram o veículo que estava com as lanternas apagadas, transitando pela via, mudando constantemente de faixa. Então, os policiais resolveram fazer a abordagem para verificar a situação. Tentaram parar o veículo algumas vezes, emitindo sinais sonoros e luminosos e com gestos, mas não foram atendidos. Quando conseguiram fazer a parada do veículo, os policiais verificaram que no veículo estavam três pessoas”, explicou o subcomandante do CPE, tenente-coronel Peter.
De acordo com o comandante do CPE, Peter Santos, segundo relatos da equipe da Rocam, o deputado desceu do carro contrariado, questionando os policiais por qual motivo estava sendo abordado. Os agentes tentaram explicar que se tratava de uma abordagem padrão, mas o deputado continuou questionando o trabalho da equipe e por não concordar com a abordagem, informou que estava dando voz de prisão à guarnição.
Ainda de acordo com o comandante o mesmo aconteceu com ele, ao receber voz de prisão do deputado após explicar que os policiais não poderiam ser presos e encaminhados para um Distrito Policial, por serem militares.
Após dar voz de prisão a guarnição e ao subcomandante do CPE, o subcomandante da Polícia Militar, coronel Thiago Balbi, se deslocou para atender a ocorrência. Ao chegar ao local o subcomandante ouviu o relato do deputado federal e explicou que a situação, por envolver policiais militares, de acordo com o regimento interno da instituição, poderia ser encaminhada, naquele mesmo momento, à corregedoria do Sistema de Segurança Pública. O deputado se recusou a tomar tal medida e solicitou a presença do secretário de Segurança no local.
O secretário então se deslocou até a ocorrência e ao chegar se deparou com o deputado, novamente, exigindo que os policiais fossem presos em flagrante por suposto abuso de autoridade e levados para uma delegacia. Os envolvidos foram, então, encaminhados ao 14º Distrito Integrados de Polícia (DIP), onde foram ouvidos pela delegada de plantão, que não verificou a existência de elementos para que os militares fossem presos em flagrante. Um inquérito policial foi aberto para apurar o caso.
*Com informações das assessorias
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