Manaus registrou, na terça-feira (7), a temperatura mínima de 23ºC e máxima de 28°C
Manaus (AM) – O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou uma nota técnica destacando que o fenômeno El Niño permanecerá na região até o ano de 2024. A informação foi confirmada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que complementou que o fenômeno se desenvolveu rapidamente em 2023 e pode atingir seu pico no primeiro semestre do ano que vem.
De acordo com o Secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, é esperado que 2023 se torne o ano mais quente da história por conta das consequências do El Niño.
“Ano que vem será ainda mais quente. Isso é uma consequência clara da contribuição crescente das concentrações de gases do efeito estufa provenientes de atividades humanas”,
ressaltou Taalas.
Responsável pela falta de chuvas na Amazônia desde junho deste ano devido à temperatura da superfície do mar causada por um padrão típico, o El Niño acentuou ainda mais o processo de estiagem que atinge o estado, fazendo a seca bater recordes e ser considerada histórica.
Com o baixo nível de chuvas, outro problema surgiu em meio à seca: as queimadas em área de vegetação. Há semanas, o nível de qualidade do ar na capital amazonense é considerado péssimo por conta da quantidade de fumaça que encobre a Manaus, sendo assim, considerada a cidade mais poluída do Brasil, segundo o site AQI.
Na terça-feira (7), a chuva voltou a aparecer na cidade amazonense e muitos cidadãos comemoraram o fenômeno nas redes sociais, pois assim, a fumaça proveniente das queimadas foi dissipada.
Apesar do alívio, os institutos apontam que os níveis de chuva em novembro e dezembro ainda estarão abaixo da faixa normal entre o leste, centro e faixa norte do Brasil, com maiores probabilidades sobre o norte do país.
Período de transição
Segundo a pesquisadora em Geociências do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), Jussara Cury, quanto mais tempo o El Niño estiver presente na região, mais prolongado será o processo de recuperação das águas.
“As cheias e estiagens são processos naturais da bacia e os eventos extremos estão relacionados aos fenômenos climáticos, na maioria dos casos registrados em anos de El Niño, as precipitações ficam muito abaixo da média, podendo prolongar o processo da estiagem”,
descreveu a profissional.
Mesmo com a chuva, ainda não é certo dizer que o período de seca foi totalmente concluído, já que as calhas dos rios precisam estabelecer níveis efetivos.
“Nos últimos dias, o Rio Negro em Manaus apresentou subidas inicialmente na ordem de 5 cm, 7cm e no registro mais recente 8 cm, essa subida seria o resultado do processo de recuperação do Solimões e Negro que ocorre há duas semanas. Isso pode indicar o final da vazante na região? Ainda não, essa fase agora seria de estabilidade dos níveis que estão muito baixos, podem apresentar oscilações e sua recuperação depende da permanência das subidas nas regiões do Alto Solimões e Alto Rio Negro, e do retorno do período de chuvas na bacia como todo”,
finalizou Cury.
Manaus registrou, na terça-feira (7), a temperatura mínima de 23ºC e máxima de 28°C. O aplicativo Selva, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), revelou que a qualidade do ar na maioria dos bairros da capital estava sendo considerada boa.
Já em relação aos níveis das águas, na última quarta-feira (8), o Rio Negro voltou a mostrar movimentos de descida das águas após 11 dias de intensas subidas, o que já era esperado pelos especialistas.
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